UE não vai financiar mais estradas em Portugal
Notícia do JN em 1 de Abril de 2014
Os fundos comunitários não vão pagar nem mais um quilómetro de estradas em Portugal. A Comissão Europeia considera que o investimento em infraestruturas rodoviárias não é prioritário para o país, que deve concentrar-se em usar a última injeção de dinheiro europeu em projetos que criem maior impacto na economia regional. A prioridade para a Europa são projetos de economia verde e digital, investigação e desenvolvimento, apoio às PME e programas de criação de emprego.
"Nem última milha, nem último minuto. Portugal já investiu muito em estradas no passado, essas infraestruturas não devem ser uma prioridade", disse, esta segunda-feira à noite, a porta-voz da Comissão Europeia para a Política Regional, Shirin Wheeler, num encontro com jornalistas portugueses, em Bruxelas. "A "last mile" (última milha) era a esperança de muitos autarcas do Norte e Centro, que contavam que Portugal conseguisse negociar com Bruxelas a alocação de fundos à construção e beneficiação de várias rodovias.
Fugindo um pouco ao que é habitual na diplomacia europeia, a porta-voz da Comissão Europeia para a Política Regional foi muito direta ao responder aos jornalistas portugueses sobre a possibilidade de serem cofinanciadas estradas que há muitos anos são reclamadas por autarcas e cuja construção tem sido adiada há vários anos. Shirin Wheeler deu a entender que deve ser o Orçamento de Estado a assumir essas obras. "O dinheiro da UE não pode fazer tudo, há um ponto em que é preciso fazer escolhas políticas", referiu a responsável.
"As estradas criam dinheiro por alguns meses, mas não criam emprego que alimentam famílias no futuro", declarou Shirin Wheeler, quando foi questionada sobre a possibilidade de Portugal obter financiamento para as infraestruturas de "última milha". Indicando que essa questão "não é exclusiva de Portugal", disse que pode haver investimento em estradas, desde que esteja incluído numa estratégia nacional e também numa rede transeuropeia.
No momento em que Portugal negoceia com a Comissão Europeia a sua estratégia de investimento para o quinto e último Quadro Comunitário de Apoio, a esperança de autarcas do Grande Porto, Minho, Trás-os-Montes e das Beiras, que nos últimos meses têm insistido na conclusão ou concretização da estradas há muito prometidas, era precisamente o financiamento da "última milha". É o caso da construção do IC35 para substituir a EN106 (Vale do Sousa), das variantes à EN14 (Trofa, Famalicão e Maia) e à EN101 (Braga a Ponte da Barca), das ligações Baião - Ponte da Ermida e entre alguns nós de auto-estradas (caso da A41 à A3, em Santo Tirso) e ainda, na zona centro, da ligação entre Aveiro e Coimbra.
